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16/10/2024 07:30:33

Cerca de 80% dos corais da maior área de conservação marinha do Brasil morreram nos últimos seis meses, diz instituto


Segundo pesquisadores, degradação dos recifes está mais veloz desde o início deste ano, na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, que tem 130 quilômetros entre PE e AL. Cerca de 80% dos corais da maior área de conservação marinha do país morreram

Nos últimos seis meses, cerca de 80% dos corais que viviam entre os litorais de Pernambuco e Alagoas morreram. De acordo com o Projeto Conservação Recifal, organização não governamental (ONG) que monitora a região há dez anos, a morte dessas espécies é resultado do processo de branqueamento dos recifes, causado pelo aquecimento dos oceanos (veja vídeo acima).

Os casos foram registrados na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, que se estende de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, até Paripueira, na Grande Maceió. Com cerca de 130 quilômetros de extensão, é a maior unidade de conservação marinha do país, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O pesquisador Pedro Pereira, que é coordenador do Projeto Recifal e doutor em biologia de corais pela Universidade James Cook, na Austrália, informou que, em alguns locais, o percentual de perda chega a 90%. O assunto é tema do minidocumentário “Morte e Vida Submarina”, lançado pela ONG na semana passada.

“Em todas as áreas que a gente monitorou, no mínimo, 70%, 80% [dos corais] morreram. É como se tivesse 100 árvores na floresta e 70 ou 80 delas tivessem morrido”, afirmou Pedro Pereira.

Processo de degradação:

O processo de degradação dos recifes tem se acelerado, ao menos, desde o início deste ano. Em maio, a previsão era que, até dezembro de 2024, o estado perderia um terço das espécies que não só embelezam as praias como têm uma importância fundamental para a sobrevivência dos mais diversos seres que vivem do mar (entenda mais abaixo).

Conforme o especialista, o branqueamento dos corais está diretamente ligado ao aquecimento dos oceanos, provocado pelas mudanças climáticas. Isso porque, como as espécies são muito sensíveis, as variações na temperatura da água geram estresse nas zooxantelas, microalgas que habitam os recifes e são responsáveis pela sua coloração.

“O coral é uma simbiose. Tem algas simbióticas que vivem dentro dele. É como se, dentro do nosso tecido, do nosso osso, do nosso sangue, tivéssemos algas que nos ajudassem na produção de alimentos. Quando o coral está fraco, essas algas acabam fugindo e ele branqueia. Então, o coral branco é um coral doente”, explicou o pesquisador Pedro Pereira.
 
Segundo a comunidade científica, 2024 caminha para ser o ano mais quente da história. “O que a gente viu foi algo sem precedentes, uma mortalidade de corais de praticamente 90%. A gente fala assim: ‘No futuro, daqui a 50 anos…’. Mas foi muito rápido, muito chocante”, afirmou o especialista.
 
Corais antes e depois do processo de branqueamento
Imagem Reprodução/Projeto Recifal
 
FONTE : G1

 




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