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×Cheia faz estrago no bairro Areal em Porto Velho
O bairro Areal, região central de Porto Velho, continua sofrendo com a cheia. Em alguns pontos o tráfego de veículos está proibido. Algumas casas estão alagadas, enquanto outras estão ameaçadas.
Moradores da Rua São Paulo, entre Tenreiro Aranha e Joaquim Nabuco tiveram que improvisar pontes para entrar em suas casas. Dona Oneide Gomes, que mora entre a Marechal Deodoro e a Joaquim Nabuco disse que passa horas na porta de casa observando a alagação. A idosa não tem como sair, e diz que desde que chegou a Porto Velho, há 40 anos, nunca imaginou ficar ilhada. O caminho mais seguro para deixar a casa é o quintal do vizinho, que abriu a cerca para que os moradores possam passar.
Deixar a casa, diz ela: “nem pensar”. “Só quero ficar aqui e todos os dias peço a Deus para baixar as águas”. Há alguns dias os moradores foram surpreendidos por uma cobra de cerca de seis metros. “Foi um susto”, declarou a moradora.
Na equina com a Rua Tenreiro Aranha, Fabiana Calixto, o marido e os dois filhos vigiam cuidadosamente o nível da água. A família teve que abandonar a moradia anterior na esquina da Marechal Deodoro. “Conforme os carros passavam a água entrava dentro de casa”. Mas não estão seguros no novo endereço. A vila de quitinetes foi parcialmente invadida. Na última segunda-feira, ”a água chegou até a entrada da sala”. Em frente à casa ele chamava a atenção das crianças que pisavam na lama, “tenho medo que eles fiquem doentes”. Mas nem todas as mães têm a mesma preocupação que Fabiana. Entre um movimento e outro da água, garotos se aventuravam improvisando um casco de geladeira, como se fora uma canoa.
Outro grupo de garotos aguardavam algum peixinho desavisado para a captura feita com as próprias mãos. “A gente não vai comer não”, avisou o pescador, que já foi orientado que os peixes que estão aparecendo na região não são saudáveis.
Nas imediações da Avenida Rio de Janeiro com rua Prudente de Moraes, onde um posto de combustível foi invadido pelas águas ainda no mês passado, um morador ajeitava a mudança de objetos pessoais e alimentos na carroceria da pick-up para levar a outro endereço. “Vamos sair daqui porque não dá pra ficar nessa agonia, sem saber se água vai invadir ou não a casa”, disse Pedro, o proprietário. Ele contou que a família mora no local há 50 anos e nunca precisou de medidas extremas. Como medida paliativa a família construiu batentes nas portas, mas na tarde desta sexta-feira a água está bem próxima.
Além do posto de combustível, outro empreendimento privado sofreu graves prejuízos na redondeza. Uma pequena confecção, especializada na fabricação de uniformes também foi invadida pelas águas do Rio Madeira.
Texto: Alice Thomaz
Fotos: Marcos Freire
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