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×Enchente abala economia nos distritos
Os moradores dos distritos de Calama e Nazaré vivem clima de apreensão quanto ao futuro, pois a enchente do rio Madeira já os fez perder casas e produção agrícola. As perspectivas não são animadoras.
Os moradores sabem que costumeiramente o período de chuvas deve se prolongar por mais um mês e, após isto, precisarão retomar a vida normal, reconstruir habitações, sanar financiamentos bancários e buscar fontes de renda. O impacto negativo à economia, segundo os moradores mais antigos, deve se prolongar por pelo menos um ano.
No distrito de Calama, a comerciante Maria Vieira de Amaro, responsável pela “Mary Panificadora”, diz que em pouco tempo não haverá mais a farinha regional para ser vendida. “Não há mais produção. As terras estão alagadas e os produtores estão desabrigados. É muito difícil prever como as coisas vão ficar”, admite. A vendedora destaca que até mesmo outros produtos, como enlatados, não estão chegando à localidade. “Muito difícil imaginar o que vai acontecer daqui pra frente.”
A administradora distrital Priscila Pantoja diz que na localidade vivem cerca de mil famílias e que elas estão preocupadas com o futuro. Querem saber se poderão voltar para as casas, se terão alimentação enquanto durar a enchente e se haverá presença constante do poder público. “Na fase de reconstrução, teremos muitos problemas com limpeza dos imóveis e doenças. As famílias sabem que ainda correm o risco de perder o que ainda têm até agora”.
Segundo Priscila, haverá a necessidade de garantir mais alimentos e moradia segura para os atingidos. “Muita coisa precisará ser feita. A reconstrução, aqui, vai consumir muitos milhões de reais.”
Na comunidade os problemas continuam se avolumando. Todos os dias são noticiados ataques de cobras a moradores. Isto ocorre porque os animais silvestres correm para as áreas secas e disputam segurança com os flagelados.
Jailson Santos, funcionário público, acrescenta outro item ao grupo das situações que agravam a vida dos ribeirinhos. “Há muito boato por aqui e isto deixa as pessoas ainda mais apavoradas. Um dia dizem que a barragem da usina rompeu, depois dizem que tudo será inundado e que não sobrará terra firme para ninguém. O povo daqui precisa saber o que está acontecendo realmente.”
Nazaré
No distrito de Nazaré, o aposentado João Edson relata um temor que é compartilhado com outras famílias abrigadas na escola Francisco Desmarestt: “Não poderemos plantar, porque quando a terra estiver pronta, já será tempo de chuva novamente”. A saída para evitar que outra alagação provoque tantos estragos, segundo ele, seria a construção de casas numa área mais alta, que fica a 20 quilômetros da BR 319.
Também abrigada no colégio, a funcionária pública Alzira Pereira Gonçalves pede em nome da comunidade, que implantem o programa Minha Casa Minha Vida do Ribeirinho.
Texto: Nonato Cruz
Fotos: Daiane Mendonça
Decom – Governo de Rondônia