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×Vereadores acabam com eleições em escolas de Vilhena e educadores preparam reação
Assunto ganhou destaque nas redes socais e foi classificado como “retrocesso”
A Câmara Municipal de Vereadores deu fim às eleições de diretores das quase 30 escolas municipais de Vilhena na sessão de ontem. Em pauta desde junho deste ano, o projeto de lei passa para a Prefeitura Municipal a responsabilidade de indicar os diretores das unidades escolares. Professores e pais de professores ficaram insatisfeitos e já organizam reuniões para tratar da reação da classe, bem como foram às redes sociais demonstrar seu descontentamento.
A mudança veio com a revogação da lei n° 3560/12 nesta terça-feira, 27, pela Câmara de Vereadores de Vilhena, através da aprovação do projeto de lei n° 4818/16, criado pelo Executivo durante a administração de Zé Rover (PP), hoje preso. A matéria entrou na pauta de discussões pela primeira vez em 7 de junho deste ano.
Á época, Zé Rover alegou que a revogação era necessária para que a lei não fosse inconstitucional. Entretanto, advogados garantem que a eleição dos diretores através da Gestão Democrática possui embasamento legal quanto a sua eficácia, uma vez tratar-se de assunto de interesse local.
De acordo com a professora Lourdes Sbardelotto Benassi, o fim das eleições para diretor e vice-diretor são um retrocesso. “Vai prejudicar demais o funcionamento das escolas, porque o funcionário que for contrário à administração municipal será posto à disposição ou perseguido, embora seja bom. O ambiente será um terreno fértil a fofocas e só terá oportunidades quem for amigo do rei. Essa é mais uma atitude do ‘Quem pode manda mais’ como era nas administrações dos anteriores”, conta.
A professora Luciana Moretti também demonstra tristeza com a aprovação do projeto de lei. “É prejudicial, porque na maioria das vezes a indicação é de pessoas despreparadas para o exercício do cargo. As consequências podem ser drásticas pois se a pessoa não conhece a realidade da escola pública pode destruir a pouco estrutura que ainda existe,principalmente no ensino fundamental que é a base da educação formal”, analisa.
Segundo os professores consultados, o PPP (Projeto Político Pedagógico) ampara a Gestão Democrática, e deve ser aplicado.
DOIS LADOS
"É preciso olhar os dois lados do processo. A indicação de um profissional para assumir um cargo de gestão tem quer ser pautada em pré-requisitos bem elaborados. Eu não li a lei, portanto, fico receoso de comentar. Alguns gestores eleitos são legitimados pela classe que o elegeu... e não há cobrança relacionada a execução das atividades. Isso nós bem percebemos na política nacional. Talvez com gestores indicados, a cobrança, execução de projetos, administração de verbas, bem como os índices educacionais sejam melhorados. Haja vista a cobrança do líder ser pautada em um superior que possui a "capacidade" de exonerá-lo caso as metas não sejam cumpridas, tornando o ambiente escolar parecido com uma empresa bem gerida, onde os resultados e o interesse dos ‘clientes’, nesse caso os educandos, sejam realmente levados em consideração. Porém, é fato que em nosso município, Estado e país... cargos de gestão que são remunerados, geralmente são ocupados por pessoas que possuem ou estabelecem vínculos políticos. Esta talvez seja a principal descrença da classe. Poderemos ser liderados por politiqueiros que sequer entendem do que estão fazendo. E que visam tão somente garantir ou angariar alguns votos na eleição seguinte. Sem dúvida é necessário que haja critérios bem definidos para tais indicações", diz Adriano Romano, professor de biologia
"Penso que pode prejudicar porque, infelizmente, ainda existe aqui no Brasil aquela situação de indicar alguém pensando nas conveniências políticas e, de certa forma, aquele que foi indicado acaba ficando nas mãos de quem o indicou, já que não vai querer bater de frente em algumas situações, com medo de perder sua função. A autonomia da direção fica comprometida nesse sentido. Em relação a consultar os profissionais da área e a comunidade, embora isso seja importante, acaba que ficam de fora dessas decisões quando deveriam fazer parte, até porque, quem estará lá, no cotidiano, lidando com os conflitos, é essa comunidade escolar que foi colocada de escanteio na hora das decisões. Assim como ocorreu em relação a colocar a Escola Álvares de Azevedo e Shirley como integrais. Decidem a vida da comunidade, sem ao menos consultá-la. Se a gestão perde seu poder de contestação diante de algumas pendengas ao longo do ano letivo, quem acaba sofrendo diretamente com isso são os alunos e os profissionais envolvidos. Além de que, o aspecto da democracia também comprometido já que nem sempre estará à frente Unidade Escolar alguém escolhido e aceito pela maioria.", argumenta Luciana Lino, professora de literatura