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15/10/2024 08:30:52

Infectados por HIV: JN tem acesso, com exclusividade, a depoimento de técnico responsável por testes de amostras da central de transplantes

A polícia do Rio prendeu duas pessoas nesta segunda-feira (14) por suspeita de envolvimento nos casos de órgãos para transplante que infectaram com o vírus HIV seis pacientes receptores. Um sócio do laboratório que atestou a qualidade dos órgãos foi um dos presos.

Infectados por HIV: JN tem acesso, com exclusividade, a depoimento de técnico responsável por testes de amostras da central de transplantes — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

O Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, ao depoimento do outro detido. O técnico responsável pelos testes de amostras da central de transplantes.

Ivanilson Fernandes dos Santos é técnico de laboratório e era quem fazia os exames do PCS Lab Saleme nos casos de órgãos para transplante. Ele foi um dos presos nesta segunda-feira (14) pela polícia. O Jornal Nacional obteve com exclusividade o depoimento dele após a prisão.

Perguntado sobre o controle de qualidade da sorologia, Ivanilson disse que "até dezembro de 2023, realizava diariamente esse controle, que é necessário para evitar erros; que a partir do início do ano de 2024 o controle de qualidade passou a ser semanal e de responsabilidade da coordenadora Adriana Vargas".

A polícia, então, perguntou a Ivanilson qual a diferença entre fazer esse controle diariamente ou uma vez por semana. Ele respondeu que podem “ocorrem erros, pois os reagentes ficam degradados por permanecerem muito tempo na máquina analítica; que o controle é uma segurança da certeza do resultado e, por isso, deve ser diário”.

O técnico de laboratório disse ainda que acredita ter recebido a ordem de não fazer mais testes diários "por questão de economia dos kits de reagentes, que são muito caros". Ele disse ainda à polícia que “acreditava que algo de errado ocorreria, e por isso estava pensando em se desligar, mas na última sexta-feira foi desligado, recebendo aviso prévio”.

Dando mais detalhes sobre a ordem que recebeu, Ivanilson contou que “quando houve mudança do controle de qualidade, Adriana Vargas disse que a ordem era para economizar porque estava tendo muitos gastos”.

Em um grupo de mensagens formado por pessoas que trabalhavam no laboratório, Adriana disse na semana passada:

"Pessoal, o negócio foi feio. Me parece que um dos nossos técnicos, em janeiro e maio, liberou um resultado da central transplantadora errado, onde está dando no repórter contaminação de cinco pacientes. Estou apavorada. Me parece que esse mesmo técnico fez outra liberação em maio também. Não sei ainda tudo do ocorrido".

 

Jornal Nacional tentou contato várias vezes com a coordenadora do laboratório, Adriana Vargas.

 

"As informações iniciais colhidas até o momento dão conta de que houve uma falha operacional de controle de qualidade nos testes aplicados ao diagnóstico de HIV. E tudo isso com o objetivo de obter lucro nessa questão dessas análises”, afirmou Felipe Curi, secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro.

 

 

Outra pessoa presa nesta segunda-feira (14) foi o médico Walter Vieira. Ele é o responsável técnico e um dos sócios do laboratório PCS. Foi Walter Vieira quem assinou um dos laudos negativos de HIV, que liberou para transplantes órgãos infectados.

O médico disse à polícia que a culpa por um dos resultados errados seria de Cleber de Oliveira Santos, coordenador de biologia do laboratório, que deveria ter checado o equipamento onde foram feitos os testes. Cleber também teve a prisão decretada e está foragido.

Quanto ao segundo laudo com o falso negativo, o médico disse que o técnico Ivanilson simplesmente teria digitado errado o resultado. Walter Vieira disse ainda que o erro não teria sido conferido pela funcionária Jaqueline Bacellar, que assinou esse outro laudo.

Jaqueline também teve a prisão decretada nesta segunda-feira (14). Antes de saber da ordem da Justiça, ela conversou com o repórter Bruno Grubbert. Jaqueline disse que era uma funcionária burocrática do laboratório, e não biomédica, como consta no laudo. Disse também que uma assinatura dela armazenada no sistema foi usada indevidamente.

Repórter: Jaqueline, o que você fazia no laboratório?
Jaqueline Iris Bacellar de Assis: Eu fazia conferência de estoque, realizava pedido de insumos, preenchimento de planilhas de uma maneira geral no laboratório. Quando é feito o nosso acesso ao sistema, era solicitado uma rubrica, para enviar uma foto de uma rubrica nossa para constar no sistema.

 

FONTE : G1

 




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