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×Detento morre e família reclama de negligência em presídio
Apenado sofria de hidrocefalia e foi tratado apenas com dipirona, diz família.
Sejus informou que vai solicitar prontuário a hospital onde presidiário faleceu.
A família de um detento da Penitenciária Estadual Edvan Mariano Rosendo, o Panda, em Porto Velho, que morreu na última segunda-feira (17), reclama da suposta negligência da penitenciária ao tratar da saúde do presidiário. Segundo a mãe, Francisca Marques de Almeida, o preso reclamava há pelo menos um mês de fortes dores de cabeça e dificuldade para comer, mas teria recebido apenas dipirona como tratamento médico. A Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) disse vai solicitar o prontuário ao Hospital João Paulo II, para onde o detento foi levado em 13 de novembro e faleceu, para verificar o que aconteceu.
De acordo com a família do presidiário, o laudo do pronto-socorro do João Paulo II apontou a causa da morte como aneurisma cerebral e o Instituto Médico Legal (IML), que só terá o resultado do exame daqui a 30 dias, indicou hidrocefalia - uma doença que leva o cérebro a inchar devido um acúmulo de fluido dentro do crânio - como possível causa da morte. "Só quando ele piorou é que o levaram ao médico. Ninguém do presídio ou hospital me avisou que ele estava doente. Só soube porque a mulher dele soube em cima da hora de um exame, correu atrás e quando conseguiu, ele tinha morrido. Meu filho morreu à míngua", desabafa.
A esposa do detento, Roberta Moreira, relata que foi avisada do estado de saúde do marido apenas quando ele estava em estado grave. "Me disseram que ele precisava fazer um exame no laboratório que custava R$ 200. Disse que não tinha o dinheiro, mas o diretor disse que se eu pagasse o exame, eles dariam um jeito de levar ele ao hospital", conta.
Segundo Roberta, a transferência do marido para o hospital só foi comunicada quando ela chegou ao presídio com o exame. "No sábado (14) fui ao João Paulo saber notícias, mas ninguém me atendeu. Apelei para um enfermeiro que me disse que ele estava respirando por aparelho. Fiquei sem informações até segunda (17), quando enfim disseram que ele ainda estava ruim. Em seguida, ele faleceu", lamenta. "Quando eu reclamei para a direção que ninguém tinha me avisado nada, a assistente disse 'Poxa, mas vocês não avisaram ela?'", conclui.
Para o amigo da família, Jonas Oliveira, houve negligência. "Mesmo sabendo que ele reclamava de dor de cabeça e vomitava o que comia, deram apenas dipirona para ele e não o levaram ao médico. No mínimo, houve negligência", completa.
A Secretaria Estadual de Justiça informou ao G1, por meio da assessoria de imprensa, que não há registros de problema de saúde do apenado na Gerência de Saúde da pasta - departamento que acompanha os apenados dentro das unidades penitenciárias - desde 2010, ano em que o detento entrou na penitenciária.
Segundo a Sejus, o prontuário será solicitado por escrito ao Hospital João Paulo II, para verificar a complicação que ele teve na unidade e a causa da morte, já que o presidiário foi atendido dentro do presídio, pela equipe médica da Sejus, e também na unidade hospitalar, onde faleceu.
Ainda de acordo com a pasta, os últimos atendimentos do apenado registrados na Gerência de Saúde são dos dias 16 de setembro, data em que ele teve atendimento odontológico, e 12 de novembro, quando o detento foi diagnosticado com cefaleia, uma espécie de dor de cabeça.
Fonte: G1/RO